sábado, 6 de abril de 2013

Análise #01 - Admirável Gado Novo - Zé Ramalho

   Até um dia desses tava de bobeira na net procurando saber mais sobre o Marxismo e sua teoria da 'Luta de classes', encontrei um texto muito bom exemplificando a música de Zé Ramalho como se fosse a arte imitando a realidade, ou seja, não só contando a teoria de Marx, mas também transmitindo tudo que é dito no livro de Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo. Vejam só:

  


A DENÚNCIA SOCIAL NA MÚSICA “ADMIRÁVEL GADO NOVO” DE ZÉ RAMALHO: OS MECANISMOS MASSIVOS DE ALIENAÇÃO

Admirável Gado Novo
Zé Ramalho
Vocês que fazem parte dessa massa
Que passa nos projetos do futuro,
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais do que receber,
E ter que demonstrar sua coragem
À margem do que possa parecer,
E ver que toda essa engrenagem
Já sente a ferrugem lhe comer.

Ê, vida de gado...
Povo marcado,
Povo feliz...

Lá fora faz um tempo confortável,
A vigilância cuida do normal;
Os automóveis ouvem a notícia,
Os homens a publicam no jornal,
E correm através da madrugada,
A única velhice que chegou;
Demoram-se na beira da estrada
E passam a contar o que sobrou.

Ê, vida de gado...
Povo marcado,
Povo feliz...

O povo foge da ignorância,
Apesar de viver tão perto dela,
E sonham com melhores tempos idos,
Contemplam essa vida numa cela,
E esperam nova possibilidade
De verem esse mundo se acabar;
A Arca de Noé, o dirigível
Não voam nem se podem flutuar.

Ê, vida de gado...
Povo marcado,
Povo feliz... 
 
            Zé Ramalho é um músico intenso. Sua poesia é profundamente nordestina e, ao mesmo tempo universal, pois gira em torno de questões que intrigam o ser humano de uma forma geral. Sua música está recheada de citações às suas próprias experiências pessoais: movimento hippie, a batalha pelo pão, a necessidade de arranjar dinheiro, a procura de uma experiência mística, a tristeza de um amor impossível, etc. Com letras impactantes, a maioria delas de caráter místico e social, constituiu-se num cantor eclético atingindo várias gerações. “Admirável Gado Novo” é um dos seus maiores sucessos.
  
(Veja o texto completo clicando em "Mais informações")

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Citação #02

"Nunca é alto o preço a pagar pelo privilégio de pertener a sí mesmo"  -Nietzsche

Clipe #02 - Além da Máscara - Pouca Vogal


Agora que a terra é redonda
E o centro do universo é outro lugar
É hora de rever os planos
O mundo não é plano, não pára de girar
Agora tudo é relativo
Não há tempo perdido, não há tempo a perder
Num piscar de olhos tudo se transforma
Tá vendo? Já passou, mas ao mesmo tempo
Fica o sentimento de um mundo sempre igual
Igual ao que já era de onde menos se espera
Dali mesmo é que não vem
Agora que tudo está exposto
A máscara e o rosto trocam de lugar
Tô fora se esse é o caminho
Se a vida é um filme, eu não conheço diretor
Tô fora, sigo o meu caminho
Às vezes tô sozinho, quase sempre tô em paz
Num piscar de olhos tudo se transforma
Tá vendo? Já passou, mas ao mesmo tempo
Esse mundo em movimento parece não mudar
É igual ao que já era de onde menos se espera
Dali mesmo é que não vem
Visão de raio-x, o x dessa questão
É ver além da máscara além do que é sabido
Além do que é sentido, ver além da máscara

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Imagem #03


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Clipe #01 - Cigarro - Zeca Baleiro


A solidão é meu cigarro
Não sei de nada e não sou de ninguém
Eu entro no meu carro e corro
Corro demais só pra te ver, meu bem
Um vinho, um travo amargo e morro
Eu sigo só porque é o que me convém
Minha canção é meu socorro
Se o mar virar sertão, o que é que tem?
Dias vão, dias vêm, uns em vão, outros nem
Quem saberá a cura do meu coração se não eu?
Não creio em santos e poetas
Perguntei tanto e ninguém nunca respondeu
Melhor é dar razão a quem perdoa
Melhor é dar perdão a quem perdeu
O amor é pedra no abismo
A meio-passo entre o mal e o bem
Com meus botões à noite cismo
Pra que os trilhos, se não passa o trem?
Os mortos sabem mais que os vivos
Sabem o gosto que a morte tem
Pra rir tem todos os motivos
Os seus segredos vão contar a quem?
Dias vão, dias vêm, uns em vão, outros nem
Quem saberá a cura do meu coração se não eu?
Não creio em santos e poetas
Perguntei tanto e ninguém nunca respondeu
Melhor é dar razão a quem perdoa
Melhor é dar perdão a quem perdeu
Não creio em santos e poetas
Perguntei tanto e ninguém nunca respondeu
Melhor é dar razão a quem perdoa
Melhor é dar perdão a quem perdeu